A VISÃO SISTÊMICA DA VIDA - Jornal Abertura 2017

 

Gostaria de apresentar, para quem não conhece, este livro, um pouco destes autores, e refletir sobre o pensamento sistêmico. Fritjof Capra e Pier Luigi Luisi propõem uma concepção unificada da vida, da qual decorrem importantes implicações filosóficas, políticas, sociais e econômicas.

Fritjof Capra é físico e teórico de sistemas. É um dos diretores-fundadores do Centro de Ecoalfabetização de Berkeley. Autor de O Tao da física, O ponto de mutação, a teia da vida e as conexões ocultas, entre outros.

Pier Luigi Luisi é professor de bioquímica na Universidade de Roma. Suas principais pesquisas focalizam aspectos experimentais, teóricos e filosóficos da origem da vida e da auto-organização de sistemas sintéticos e naturais.

O livro se divide em 4 eixos:

I – Visão de mundo mecanicista

II – A ascensão do Pensamento Sistêmico

III - Uma nova concepção de vida

IV - A sustentação da Teia da Vida

Os autores direcionam um outro olhar sobre antigos problemas. Afirmam que a evolução não deve ser mais considerada como uma luta competitiva pela existência, mas, em vez disso, deve ser reconhecida como uma dança cooperativa, na qual a criatividade e a constante emergência da novidade, são as forças propulsoras. Enfatizam, portanto, o pensamento sistêmico, a teia da vida, na qual o todo é maior que a soma das partes.

 

Trata-se, neste início do século XXI, de uma profunda mudança de paradigma, que pode ser chamada de visão de mundo holística, na qual se reconhece o mundo como uma totalidade integrada, em vez de uma coleção de partes dissociadas.

Capra e Pier Luigi entendem os seres vivos através da ecologia profunda. Possuem uma percepção ecológica que reconhece a interdependência fundamental de todos os fenômenos e o fato de que, como indivíduos e sociedades, estamos todos encaixados em processos cíclicos da natureza, dos quais, em última análise, dependemos.

Para os autores, a percepção ecológica profunda é percepção espiritual. O conceito de espírito humano é compreendido como o modo de consciência, no qual o indivíduo vivencia o sentido de pertencer, de estar conectado, ao cosmos como um todo.

Os autores descrevem como características do pensamento sistêmico: a) Mudança de perspectiva das partes para o todo, b) multidisciplinaridade inerente, c) de objetos para relações, d) de medição para mapeamento, e) de quantidades para qualidades f), de estruturas para processos, g) da ciência objetiva para a ciência epistêmica, h) da certeza cartesiana ao conhecimento aproximado.

Discutem também o desenvolvimento sustentável (Relatório Brundtland). Afirmam que a humanidade tem capacidade para alcançar o desenvolvimento sustentável e satisfazer as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer as suas próprias necessidades.

Defendem que comunidades sustentáveis desenvolvem seus padrões de vida ao longo do tempo em interação contínua com outros sistemas vivos, humanos e não humanos. Num processo dinâmico de evolução comum.

Para estes importantes pesquisadores, a teia da vida é uma rede flexível, em constante estado de flutuação. Quanto maior for o número de variáveis que são mantidas flutuando, mais dinâmico será o sistema, maior será sua flexibilidade e maior sua capacidade para se adaptar a condições em mudança.

Se a comunidade estiver fragmentada em grupos isolados e em indivíduos, a diversidade pode facilmente se tornar uma fonte de preconceitos e de atrito. Mas se a comunidade estiver ciente da interdependência de todos os seus membros, a diversidade enriquecerá todas as relações e, assim, enriquecerá a comunidade como um todo, bem como cada membro individual.

  Capra e Pier Luigi nos convidam a uma mudança fundamental em nossas metáforas de mundo, as quais antes expressavam a compreensão do mundo como uma máquina, e que, agora, passam a expressar o entendimento do mundo como uma rede.

Entendendo o espírito como imortal, em evolução contínua, o espiritismo pode dar grande contribuição na maneira de se vivenciar a existência. Estamos dentro desta rede. Mundo espiritual e mundo corpóreo estão unidos nesta grande teia da vida, numa flexibilidade entre as variáveis, num todo conectado.

 

Alcione Moreno

Médica, membro do CPDoc e da CEPA.

Quem somos

O CPDOC Iniciou suas atividades em 1988, fruto do sonho de jovens espíritas interessados na inserção da crítica coletiva como prática estimuladora ao aperfeiçoamento dos trabalhos.

Acompanhe-nos nas redes sociais