Recentemente, em meados de maio de 2022, participamos de dois programas “on line” em que estabelecemos relações integradas sobre o movimento espírita, família e o contexto da atualidade. Atuamos nos programas “Roda de Conversa em Homenagem aos 75 anos da USE SP”, coordenada por Marco Milani, em que abordamos sobre as expectativas com relação ao futuro do movimento espírita1, e, em outro programa, desenvolvemos o tema “Papel da mãe na educação do espírito imortal”, com coordenação de Najla Loureiro em evento Associação Espírita Célia Xavier, de Belo Horizonte (MG).2
Nos dois eventos virtuais focalizamos o resultado de pesquisa recente sobre a religiosidade do segmento mais jovem do país efetivada pelo Datafolha e divulgada no início de maio de 2022.
A pesquisa do Datafolha3 mostra que entre os jovens de 16 a 24 anos, o percentual dos sem religião chega a 25% em âmbito nacional. Especificamente no Rio de Janeiro e São Paulo, o crescimento dos brasileiros que se dizem "sem religião" é ainda mais marcante, particularmente entre os jovens. Os sem religião na faixa etária de 16 a 24 anos são numerosos: em São Paulo chegam a 30% dos entrevistados, superando evangélicos (27%), católicos (24%) e outras religiões (19%); no Rio de Janeiro, chegam a 34%, também acima de evangélicos (32%), católicos (17%) e demais religiões (17%).
Os responsáveis pela pesquisa entrevistaram alguns especialistas sobre esse tema. Entre outras análises comentaram: "Então esse sujeito é sem religião porque não está vinculado a uma igreja, porque não frequenta, mas pode ter crenças relacionadas a alguma religião que já teve ou ter uma dimensão mais pluralista da religiosidade".3
Em contato com socióloga e pesquisadora do Instituto Superior de Estudos da Religião, Regina Novaes, essa observou que a fase dos 16 aos 24 anos, onde os "sem religião" são mais presentes, é uma fase de experimentação. Entre os fatores que podem explicar esse cenário há o aumento de famílias plurirreligiosas e a ampla rede de múltiplas fontes de informação, completamente diferente das faixas etárias, por exemplo, dos idosos, “cuja sociabilidade muitas vezes é restrita à família e à igreja”.
Há a hipótese de que "A maior parcela dos sem religião tem a ver com uma desinstitucionalização, o que quer dizer que o sujeito está afastado das instituições religiosas, mas ele pode ter uma visão de mundo e até mesmo práticas pessoais informadas por crenças religiosas".3
Nas análises de especialistas sobre a pesquisa do Datafolha parece-nos claro que "há uma trajetória de busca e experimentação que foi colocada para as novas gerações que não era colocada para as antigas"; o afastamento de instituições religiosas, e que há “outros modos de ter fé".
Esses dados da atualidade devem representar um estímulo para oportunas e rápidas análises e avaliações no contexto do movimento espírita, com destaque para as formas de atuação dentro dos centros espíritas; o nítido afastamento da faixa etária que foi um dos principais objetos da pesquisa do Datafolha que, especificamente, sobre a faixa jovem no segmento espírita, já vínhamos apontando resultados preocupantes do censo do IBGE de 2010.4
E, sem dúvida para o preparo e adequações necessárias para se lidar com as famílias dos frequentadores, e notadamente das faixas etárias jovens, que parecem não estar muito presentes ou ativas no seio do movimento espírita.4
Referências:
1 Link para acesso do programa da USE-SP:
2 Link para acesso do programa da AECX:
3 Jovens sem religião superam católicos e evangélicos:https://g1.globo.com/sp/sao-