O CPDoc – Centro de Pesquisa e Documentação Espírita (1988) realizou no dia 06 de março de 2021 entrevista virtual com três coletivos espíritas brasileiros: AEPHUS (Associação Espírita de Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais), de Goiânia; CEJUS (Coletivo de Estudos Espiritismo e Justiça Social), de São Paulo e GIRASSÓIS – Espíritas Pelo Bem Comum, de Fortaleza.
O evento, inserido no Projeto “Conhecendo os Coletivos” teve a participação de Sandro Henrique Ribeiro, pela AEPHUS, Carla Pavão, pelo CEJUS e Lídia Valesca Pimentel, pelo GIRASSÓIS.
Os coletivos são um fenômeno institucional recente no movimento espírita brasileiro. Ao que parece seu aparecimento guarda relação com o processo de polarização política que toma conta do país há anos e que se radicalizou durante a última eleição presidencial. São grupos que rompem com o conservadorismo do setor hegemônico e buscam traçar um roteiro de atividades com ênfase no aspecto social do Espiritismo.
Todos os coletivos entrevistados funcionam de maneira virtual utilizando as redes sociais, embora tenham realizado eventos presenciais antes da pandemia.
Dos três coletivos entrevistados somente a AEPHUS tem organização formal e também se diferencia dos demais por vindicar espaço junto ao movimento federativo goiano.
O CEJUS tem inúmeras atividades: desde grupos de estudo, atendimento espiritual, até o simples bate-papo. Segundo Carla Pavão, é um centro espírita virtual.
O GIRASSÓIS, além dos eventos de estudos, promove eventos artísticos e o Fórum Social Espírita que já teve duas edições, a primeira presencial, em 2019 e a segunda, virtual, em 2020.
Nos estudos destes grupos vemos temas como Racismo, Desigualdade Social, Aborto, Opção Sexual, Ação Social, Ecologia, Democracia e o estudo de obras e autores específicos. A AEPHUS promoveu estudo sobre AS LEIS MORAIS (O Livro dos Espíritos) à luz das ciências sociais. O CEJUS promoveu lives de estudos dos livros Espiritismo e Socialismo, de Léon Denis e Espiritismo e Política, de Aylton Paiva, por exemplo. O Coletivo GIRASSÓIS promoveu discussões sobre o pensamento de Hanna Arendt, Nietzsch, Paulo Freire, dentre outros, sempre os relacionando ao espiritismo.
O CPDOC iniciou suas atividades no ano de 1988. Não tem como fim específico o estudo do aspecto social da teoria espírita, mas sempre esteve aberto a esta discussão como grupo livre-pensador que é. Por isso sente-se próximo destes coletivos que agora focam este aspecto de maneira mais específica.
Espero que tais grupos consigam se perenizar. Eles são uma opção para os espíritas que não aceitam o viés conservador e o cerceamento ao debate político verificado em muitas instituições espíritas tradicionais. Também trazem um ar de renovação que pode ajudar na reflexão sobre o tipo de práxis capaz de levar o homem e a sociedade a um novo patamar em suas relações.
Fica no ar a possibilidade de reunião destes grupos para amplificar a voz de cada um. Para que se escute a voz dos espíritas que entendem a obra de Kardec como norteadora de um novo momento na evolução do planeta. Afinal de contas, o mestre lionês propôs como o período final da implantação do Espiritismo no mundo, o da renovação social.
Por Saulo Albach