O espiritismo laico e livre‐pensador possui grande tradição na baixada santista.Esta região forneceu ao movimento espírita brasileiro e internacional importantes pensadores, os quais têm se dedicado a um processo de releitura e atualização do espiritismo.Esta forma de compreender o espiritismo, a partir do ponto de vista laico (neutro em questões religiosas) e absolutamente livre‐ pensador, tem se firmado em nossa região e em outras regiões do Brasil, das Américas e da Europa.
Os espíritas progressistas de Santos e região deram as mãos aos espíritas progressistas do mundo, em um vasto movimento de reflexão dos conteúdos espíritas, à luz das conquistas do conhecimento científico e filosófico de nossos dias, em perfeita sintonia com os ideais de Allan Kardec, que pensou o espiritismo como uma doutrina capaz de evoluir com o tempo, sob pena de ficar estagnada e anacrônica.
Os espíritas laicos, que compreendem o espiritismo como uma filosofia universalista e humanista, não dogmática, que possui vasta abertura para o mundo da ciência, e de profundas consequências éticas e sociais, estão reunidos em torno da Confederação Espírita Pan‐Americana (C.E.P.A), bem como estão agrupados em torno da CEPABrasil, Associação Brasileira dos Delegados e Amigos da CEPA, instituição espírita que representa a CEPA em território brasileiro.
Na atualidade, os espíritas de Santos, ligados a CEPA, possuem três eventos principais ao ano. O Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita, tradicional evento de produção teórica, criado pelo grande pensador espírita Jaci Régis. O SBPE se realiza bienalmente, em anos ímpares, no segundo semestre de cada ano, geralmente no mês de outubro ou novembro. O SBPE tem sido responsável por uma importante produção atualizadora do pensamento espírita.
Nos meses de Abril, quando comemoramos o lançamento de “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec, realizamos o “Fórum Espírita do Livre‐Pensar”, oqual já está na décima edição neste ano de 2015 e que reúne os centros espíritas ligados a CEPA da baixada santista.
Por fim, no segundo semestre de cada ano, realizamos um “Seminário Espírita”, oportunidade em que convidamos um ou dois pensadores, a fim de quepossamos realizar um debate sobre as diversas áreas do pensamento à luz da doutrina espírita.
E assim caminhamos, em um processo permanente de reflexão espírita, pois entendemos que a melhor maneira de honrar o trabalho de Allan Kardec não é lê‐lo ou estudá‐lo como uma “bíblia”, onde se encontraria presumivelmente toda a “verdade”. Entendemos, que honrar verdadeiramente o espiritismo, é pensá‐lo criticamente, à luz das contribuições da cultura contemporânea, em um processo permanente de indagação e aprendizado.
Este processo de análise crítica do pensamento espírita ou como dizia Jaci Régis, de “fidelidade e crítica” a Allan Kardec, é um movimento que exige maturidade e coragem para enfrentar lucidamente a necessidade da evolução do pensamento espírita. Neste processo, devemos deixar de lado nossos anseios de segurança absoluta, em troca da paixão pela aventura do conhecimento, mesmo que este conhecimento muitas vezes venha desconstruir velhas crenças. Mas, como já dizia o mestre de Nazaré, a liberdade só vem pela posse da verdade, o que nos leva a indagar: Como alcançar a verdade sem a permanente inquietação do pensamento?
Ricardo de Morais Nunes: Tem formação em Direito e Filosofia. É delegado da CEPA no Guarujá, tem colaborado como um dos monitores do webcurso de espiritismo, promovido pelo CPDOC.
Os artigos desta coluna baseiam‐se em estudos e pesquisas desenvolvidos pelo CPDoc. www.cpdocespirita.com.br / Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.