Centro espírita: em busca de uma definição

Coluna do CPDoc - Jornal Opinião - América Espírita – Ano XIV - Nº 144 – Agosto 2007

Um dos focos de pesquisa do CPDoc é o centro espírita. A análise das características e da estrutura do centro espírita, bem como das possíveis propostas para sua reestruturação, esbarram em várias dificuldades. Eis algumas delas:

1. É difícil definir centro espírita. É muito grande a heterogeneidade existente entre os grupos e, como conseqüência, surgem dúvidas: o que estaríamos analisando? a que e a quem estaríamos propondo?

2. Em muitos centros espíritas vive-se hoje um período de discussão e revisão estrutural. Há também a criação de novos grupos, com estruturas alternativas e claramente diferentes das existentes. Os resultados são apenas preliminares e não há indícios de tendências generalizadas.

Diferentemente das suas origens européias, os centros espíritas brasileiros nasceram e se fortaleceram com roupagem religiosa, permeada pelo consolo ao sofrimento, à angústia existencial, ao medo do futuro, à doença e à pobreza, tanto quanto pela busca da cura da loucura e da obsessão. Os centros adquiriram características distanciadas e até em confronto com o próprio espiritismo. Eis algumas delas:

• Desconhecimento do espiritismo

• Sincretismo

• Assistencialismo

• Cultos exteriores e religiosismo

• Grandeza física

• Clientelismo e proselitismo

• Isolamento cultural

A questão central é a falta de compromisso do centro espírita com o espiritismo. As várias atividades são iniciadas e transformadas à margem dos fundamentos e do método espírita.

Como as feições dos centros são variadas, não há proposta de estruturação que atenda a todos os grupos. Para desenvolver propostas estruturantes, é necessário optar por uma conceituação mais precisa de centro espírita, assumindo algumas de suas características. É apresentado a seguir esse modelo. O seu principal objetivo é estabelecer uma referência conceitual que sirva de base para a estruturação de uma casa espírita ou mesmo para a reestruturação de uma já existente. São critérios básicos a considerar na avaliação e na organização dessas casas:

a. O centro espírita é uma associação de pessoas encarnadas, de homens e mulheres . O centro espírita é organizado e dirigido por pessoas, tendo espíritos desencarnados como convidados. Desta forma, qualquer estudo relativo à estrutura, atividades, métodos, prioridades e orientação doutrinária em um centro passa necessariamente pelo comportamento dos homens que o compõem. As atividades do centro espírita, incluindo as reuniões mediúnicas, são organizadas e dirigidas por pessoas. As propostas relativas a essas reuniões devem se dirigir, pelo menos num primeiro momento, a elas. Além disso, são as pessoas que participam da vida social, contexto em que está inserido o centro.

b. O centro espírita é comprometido com o espiritismo. Esse compromisso seconcretiza através do estudo de livros espíritas, incluindo necessariamente as obras de Allan KARDEC, e adequação das diversas atividades aos conceitos e métodos próprios da doutrina.

c. Não existe no centro espírita hierarquia estática e restritiva. O efeito maisimportante dessa estrutura é a igualdade para aprender, praticar e influir.

O modelo proposto se resume num centro espírita aberto à participação integral de pessoas interessadas em aprender e contribuir, e comprometido com o aprendizado e desenvolvimento do espiritismo.

Uma reflexão sobre a estrutura dos centros espíritas exige a identificação dos elementos que compõem essa estrutura. Um conjunto possível é o seguinte:

a. a mediunidade,

b. os estudos e as pesquisas,

c. as relações entre o centro espírita e a sociedade,

d. o poder, e

e. a integração entre centros espíritas.

Cada um desses elementos é definido e estudado no livro “Centro espírita: uma revisão estrutural”, publicado pelo CPDoc. Eles têm sido continuamente discutidos no CPDoc e em simpósios e congressos espíritas.

O processo de estruturação (ou reestruturação) de um centro espírita pode se basear nesses elementos. A equação a ser resolvida é como desenvolver cada um deles com pleno alinhamento com o espiritismo. Para cada elemento, o centro identifica os seus objetivos, as atividades, as responsabilidades e os métodos a empregar. Assim, cria-se um processo dinâmico de planejamento, gestão e avaliação contínua das várias atividades da casa.

Os interessados nesta e em outras pesquisas do CPDoc, os trabalhos publicados, os eventos que promove e outras informações, pode acessar o site http://cpdocespirita.com.br/portal/. Contatos diretos podem ser feitos através do e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..

*Mauro de Mesquita Spinola: Engenheiro eletrônico, Doutor em Computação, professor universitário. 2º. Secretário da CEPA. Diretor do CEE José Herculano Pires (São Paulo). Atual presidente do CPDoc. Participante do Programa Momento Espírita, da Rádio Boa Nova, de Guarulhos. Autor do livro "Centro espírita: uma revisão estrutural", editado pelo CPDoc.

Mauro de Mesquita Spinola
Autor: Mauro de Mesquita Spinola
Engenheiro eletrônico, Doutor em Computação, professor universitário. 2º. Secretário da CEPA. Diretor do CEE José Herculano Pires (São Paulo). Atual presidente do CPDoc. Participante do Programa Momento Espírita, da Rádio Boa Nova, de Guarulhos. Autor do livro "Centro espírita: uma revisão estrutural", editado pelo CPDoc.

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